domingo, 17 de maio de 2009

Carlos Drummond de Andrade.

Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.




As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.


Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Tu mesma.

De quem te escondes?
Do que tens medo?
Do que te envergonhas?
A quem enganas?

Há valores que não
fazem parte de ti.




Não finjas que não os sentes.
Só mesmo uma pessoa está
sendo enganada, ainda:
Tu Mesma.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Valeu a pena.

Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim. Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível. E que esse momento será inesquecível... Só quero que meu sentimento seja valorizado.

Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho. Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento e não brinque com ele. E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.




Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe, quee ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz. Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.

Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão, que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim e que valeu a pena!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Nunca.

Nunca diga Eu Te Amo, se não te interessa.
Nunca fale sobre sentimentos se estes não existem.
Nunca toque numa vida se não pretende romper um coração.
Nunca olhe nos olhos de alguém se não quiser vê-lo se derramar em lágrimas por causa de ti.




A coisa mais cruel que alguém pode fazer é permitir que alguém se apaixone por você quando você não pretende fazer o mesmo.



Mário Quintana.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Segredos do coração.

Era difícil descrever sua beleza. Ela só sabia de uma coisa: o sorriso dele é iluminador. Ele é como uma manhã de domingo, com aquele sol fraco, os pássaros cantando, e o tempo passando preguiçosamente. Seu coração parecia ser banhado em pérolas, das mais preciosas.
Seu olhar é uma incógnita, transmite muitas coisas, uma delas é solidão. Como pode ser? Ela dizia em silêncio para si mesmo que um dia iria abrandar esse sentimento nele.







Por várias vezes o vi passar pela rua, sozinho, sempre com pressa, em passos largos e cumprimentos rápidos. Sua vida-mistério a atraía profundamente. Ela não sabia como se expressar, nem o que sentir, mas em um dia desses qualquer de sua existência passageira, ela iria perder o medo e confessar que ele existe em seu mundo a cada dia mais, e isso é inevitável.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Abismo

É como se estivesse caminhando dentro de um deserto interior, e derrepente, de surpresa me deparo com um abismo cheio de sombras e névoas, o vazio, uma lacuna na minha vida, e apenas uma linha tênue ligando um lado ao outro, do tamanho da minha solidão.





Para atravessar o nada, descobri que preciso me esvaziar, me livrar dos rótulos e preconceitos que nos deixam pesados, fechar os olhos para o espetáculo melancólico. Profano. Deixar de prestar atenção no barulho desse mundo, e se concentrar nessa jornada da alma, de descobrimento, poder conviver entre o real e o imaginário sem esfriar o coração ou cair na loucura.






"Quando se olha para o abismo, o abismo devolve-nos o olhar." (Nietzsche)

sexta-feira, 13 de março de 2009

Como se mede uma pessoa?

A pessoa é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado.

É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.



Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande!